Meses atrás provocamos nossos vizinhos a escreverem uma carta, uma mensagem, para as árvores que admiram, que cruzam os seus caminhos, que embelezam e acolhem passarinhos nas praças, que fazem sombra em suas calçadas, que oferecem um deleite para seus olhares.
E por qual razão fizemos esse convite? Porque precisamos das árvores mais do que nunca. Seja por questões socioambientais, seja porque são maravilhosas, as admiramos e as queremos bem.
Aqui vão trechos das declarações de carinho e cumplicidade que recebemos. Já contou pra sua árvore preferida o quanto ela é importante pra você?

Guilherme – Árvores
“Árvores generosas, que me dão sombra, belezas e ar respirável. Meus pulmões são gratos a vocês, grandes pulmões verdes da nossa cidade.”
Iara – Ipê Amarelo
“Oi ipê amarelo, meu querido, tenho que te confessar que tenho uma queda por ipês, gosto muito do branco, do rosa e do roxo. Eu literalmente paro o trânsito para apreciar a beleza de sua espécie! Mas você é especial, primeiro porque você é praticamente meu irmão, afinal quem te plantou há 27 anos foi nossa mãe, a Giusi, e depois te vimos crescer e todo ano você nos presenteia com suas lindas e exuberantes floradas. Você me traz grandes lembranças, uma das que mais gosto é a de meu querido pai, que faleceu no ano passado, junto com minha mãe e o neto, que pela janela observavam e expulsavam os papagaios que vinham comer suas sementes em sua época fértil! Eu sei que você viverá mais do que eu, pesquisei no Google que ipês amarelos vivem centenas de anos, então eu espero, do fundo do meu coração, que nenhum humano queira te tirar da sua terra e que você possa semear novas vidas e iluminar ainda muitos olhares com suas lindas flores! E que você possa ver um futuro não só de modernidades, mas de respeito à natureza…Obrigada, querido irmão!”


Isabel – Quaresmeira
“Querida Quaresmeira, você tão pequenina ainda e já carrega tanta emoção. Te ver é lembrar da Ju, e morrer de saudades. Mas também é lembrar dela e sentir grata por ter tido uma amiga tão incrível. Quero acompanhar seu crescimento até você ficar grande e linda como a quaresmeira da Ju.”
Isabella – Árvores
“Minha homenagem vai para todas as árvores que lutam para crescer nas calçadas estreitas, sem espaço para suas raízes, mutiladas pelas autoridades que deveriam protegê-las, e rejeitadas pelos que consideram que suas folhas são sujeira…. fico comovida com a força e generosidade destes seres maravilhosos que insistimos em destruir e maltratar. Será que conseguirão nos mostrar a tempo o quanto precisamos delas para nossa sobrevivência?”


Isaura – Jatobá
“Quero expressar o porquê você me vem à mente e ao coração, meu querido Jatobá! Aqui, em palavras, até dá pra entender este amor incondicional quando vasculho no baú da memória. Eu te conheço desde criança ( sei, com certeza que tem 64 anos para mais). Chegou em casa jovenzinho, magrela, e como papai e todo mundo sabia qual seria seu tamanho adulto, no futuro, ganhou um espaço enorme na esquina no terreno de casa. Com muita calma, muito sol, solo bom, foi, cada célula, cada fibra, cada raiz, fazendo que tivesse este corpo maciço, sólido, de lei. Novos ramos surgiram em todas as direções e se espraiam dando ao povo que passava e ainda hoje passa na rua, um frescor, um descanso. A vida seguiu para nós, seus frutos foram levados para muitos locais por quem te conhecia e conhece sua beleza. Thiago andou plantando em muitas praças e eu também trouxe uma semente pra minha casa nova. Hoje você está enorme, alto, infelizmente cercado por um grande muro, mas está aí sempre amado, trazendo sombra, natureza e repouso. Boas lembranças lembra? Para sempre!”
Ivone – Pau Ferro
“Eu gosto desta árvore porque ela é frondosa, abriga muitos pássaros e com sua cor ilumina o ambiente. Tem uma madeira tão dura que parece pedra. Ela sofreu uma poda grande há uns anos, o que a deixou com um aspecto menos proporcional e equilibrado do que o natural dela. Ela é bem alta e os pássaros amam ficar bem lá em cima.”


Jac – Ipê
“Posso ouvir o assobio dos ventos através das tuas folhas. Quando caem rodopiam cirandas incansáveis. Luz e sombras chegam filtradas através de teus ramos e folhas. Através delas vejo outonos, invernos, primaveras e verões ir e vir. Vc era pequenina quando te plantamos, hoje teus galhos apontam o infinito céu e vc abraça nossa morada.”
Kátia – Pau Ferro
“Querida dona-árvore-pau-ferro-do-meu-jardim, como você bem sabe, o jardim não é só meu. Mas ele é também é meu – um tanto – por sua causa: quando estava procurando e visitando novos lugares para morar, cheguei neste jardim, onde você impera, majestosa. Sem dúvida, nos registros das coisas boas deste novo lugar você rendeu muitos pontos. Não é em qualquer dia de busca de uma nova casa pra morar que se encontra uma senhora assim tão especial, logo no jardim da frente. Lá se vão uns vinte anos, desde então. Você só cresceu e se expandiu. Sempre buscando o céu com estas folhas pequeninas. Seu tronco e seus galhos malhados sempre crescendo e se abrindo. Ultimamente estive envolvida diretamente em fazer diálogos com você, pra dizer que pelo fato de você ter sido colocada e ter crescido tanto em um terreno meio torto, sua resposta de pender um pouco pro lado começou a nos preocupar, então tivemos de contar uns galhos grandes, pra buscar o equilíbrio. E parece que você respondeu muito bem, está mais alinhada, sua copa está mais arredondada…Obrigada, Obrigada, Obrigada.”


Luli – Pata de Vaca
“Minha querida arvorezinha! Há alguns anos você veio substituir nosso flamboyant. E te vi crescer, te protegi, te enfeitei, te ambientei bem em frente à nossa casa! Sou grata por sua presença em nossas vidas! E hoje te vejo da minha janela! Acredite, Sinto saudades…”

